segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

OBJETIVOS DA TRANSCOMUNICAÇÃO INSTRUMENTAL

Quando falamos a amigos sobre nosso interesse na Transcomunicação Instrumental, suas fisionomias algumas vezes demonstram perplexidade, outras, curiosidade e, o que é mais comum, incredulidade. Raramente, total desinteresse.
Muito natural essa incredulidade diante do fenômeno da transcomunicação. E assim é por causa da educação que recebemos desde crianças, nesse aspecto, alimentada, mais tarde, pelos filmes de terror. Ou seja, quando crianças os adultos insistem em dizer, com boa intenção, que fantasmas não existem. Por outro lado, a ficção esforça-se em mostrar que eles existem sim, e são todos pavorosos na forma e no conteúdo moral. Das duas uma: ou ficamos com o que os mais velhos nos falaram ou com o que o cinema nos mostra, e ambas as opções estão incorretas.
“Fantasmas” nada mais são do que seres humanos que perderam seus corpos mais grosseiros pelo fenômeno da morte, mas continuam a existir em outras dimensões, e isso não é novidade alguma. Entretanto, convém refletir sobre o que somos agora, isto é, espíritos habitando um corpo, este, sim, mortal. Nós não temos um espírito, somos espíritos. Quando se possui algo, não se é aquilo, mas ouve-se falar que todos têm uma alma. Se eu não sou a alma, pois diz-se que a possuímos, quem sou eu? O corpo não será minha identidade, já que também o tenho e digo meu corpo. Repito, então, quem serei eu se não o espírito, ou a alma, como queiram?
Nessa mesma linha de raciocínio, definem o espírito como uma fumaça, ou algo semelhante, evanescente, que escapa do corpo morto e vai para algum lugar gozar ou sofrer para toda a eternidade.
Observemos, em torno de nós, as consequências palpáveis dessas indefinições - ou muitos se mostram desinteressados com um destino obscuro e nada racional depois da morte, ou se tornam materialistas. No primeiro caso a morte é horrível, pois promove estupenda mudança para uma vida incerta, irreversivelmente alienada e afastada do que construímos e de quem amamos na Terra, com duas possibilidades opostas e eternas, sem nenhuma certeza sobre a identidade que teremos, algo que a moderna civilização não consegue aceitar facilmente. No segundo caso a morte é horrorosa, já que condena à extinção tudo o que nos caracteriza como seres humanos, debaixo de sete palmos de terra. Não é de admirar a situação de grande parte das sociedades modernas: culto ao corpo, descaso pelo próprio destino e pela vida do semelhante. Egoísmo, egoísmo e egoísmo, até coerente, por sinal, se nossa herança fosse o nada ou a alienação. Ofereçamos, porém, provas cabais da sobrevivência do ser humano à morte; demonstremos, com fatos, que continuamos tão conscientes, no “além”, como hoje somos, amando com a mesma intensidade os seres queridos que aqui ficaram, visitando-os e auxiliando-os sempre que possível, e o medo da morte se desfaz em gratidão à bondade do Pai, que nos fez eternos e destinados à perfeição relativa, depois de depurações imprescindíveis, na Terra ou alhures. Ofertemos, aos religiosos e aos incrédulos, a lógica divina e, como tal, perfeita, que nos foi revelada pelos espíritos superiores nos tempos atuais, como explanação às palavras de Jesus, muitas vezes veladas, qual exigia a civilização de dois mil anos atrás e conforme Ele mesmo advertiu. Deus nos cria igualmente simples e ignorantes, propiciando, a todos, condições para evoluirem por esforço próprio ao longo de milênios, alternando períodos em que usam um corpo denso, na Terra ou em qualquer planeta no imenso universo, com outros em que desses corpos se desprendem pelo fenômeno da morte, habitando, assim, dimensões diversas. Após as necessárias e milenares depurações, vestiremos a “túnica nupcial”, nas palavras do Cristo, ou seja, seremos espíritos puros, entenderemos a divindade e com ela viveremos por toda a eternidade, não no êxtase improdutivo que alguns propalam, mas no trabalho contínuo de semear luz nos corações e mentes dos irmãos que se demoram atrás na marcha evolutiva. Que magnífica equidade! Nada de “escolhidos”, nem de penas eternas, nada de “povo de Deus”, nada de anjos, tal qual algumas pessoas entendem por este termo! O amor divino alcança, sem distinção, a todas as criaturas, e o facínora de hoje será o ser purificado de amanhã, após indispensáveis lutas que ele travará contra seus defeitos, em sofrimentos sempre proporcionais aos erros cometidos, para a conscientização e abandono dos mesmos. Quantos esperam apenas por essa certeza para se renderem ao bem, abandonarem a estrada do mal, desviarem-se, mesmo, do terrível ato do suicídio? Falar é fácil, criar teorias e mais teorias, muito simples, interpretar os Evangelhos de Nosso Senhor Jesus Cristo de maneira particular, nada demais, provar o que se diz com fatos científicos e, por isso mesmo, reproduzíveis por qualquer um, isto, sim, é complicado. Oradores se exaltam conclamando seguidores a irem contra aquilo que suas crenças julgam incorreto – e os espíritos falam... Cientistas procuram reduzir tudo o que presenciam às leis conhecidas em seus tempos, negando qualquer evidência que se contraponha ao estabelecido ou imaginando sistemas mais fantásticos do que os de Julio Verne para explicarem, com essas mesmas leis, fenômenos que entendem inexplicáveis – e os espíritos falam...
Com permissão do Altíssimo, os espíritos há séculos se comunicam com os Homens encarnados, para demonstrar, entre outras coisas, a ilusão da morte. Há cento e cinquenta anos um professor francês, de codinome Allan Kardec, estudou seriamente as mensagens dos mortos, recebidas por diversos médiuns, e as reuniu em livros que constituem a base da Doutrina Espírita, melhor chamada Doutrina dos Espíritos. Há quase cinquenta anos a moderna transcomunicação instrumental surgiu, como novo instrumento do contato interdimensional, e este é apenas um dos objetivos dessa recém-nascida ciência, pois, em paralelo ao apelo feito aos intelectos, a transcomunicação instrumental (e também, é óbvio, a mediúnica) apazigua corações angustiados, consolando a dor das perdas dos queridos que se despediram da Terra mas continuam falando com seus amados do lado de cá.
Abrangendo, de uma só vez, mente e coração, as palavras dos espíritos impulsionam o ser humano para níveis superiores de consciência e amor. Uns darão de ombros, aprisionados a preconceitos ou à indiferença, outros, quixotescos, combaterão os fatos, como tantas vezes já fizeram, inutilmente, no passado, mas alguns entenderão a mensagem divina nas vozes dos mortos, agora mais vivos do que nunca.

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